sábado, 22 de novembro de 2008

Posse. Agradecimento na ação.



O mais novo personagem O DIRETOR para o ator.

Cena da "Posse" do ator Sérgio Mamberti como novo diretor da FUNARTE.

Por onde começar a falar sobre essa semana que foi um grande futuro? Foi a seta de olhos sentindo a potência, para chegar ao ato.

Desde que começamos a comunicação com FUNARTE e que éramos colocados de lado, nunca desistimos.

Resolvemos ocupar. Com a ocupação chamada CHUTE começamos literalmente a abrir a PORTA e o Teatro. As coisas na porta já eram a ação de entrada. Ficou claro que abriria na participação de todas as artes, técnicas, tecnologias.

O CHUTE foi feito no afeto. Da necessidade de espaço para comunicar, praticar. A própria força ato contido na estética de cada dia acordando domingo para revitalizar algo que é um teatro, agente. Aquele monte de bandas, pessoas surgindo, apoiando porque queriam, pintando, dançando, cantando, lendo, falando... Comparecendo. Abrindo os ouvidos para a condição da política cultural, e nem por isso deixando de se divertir. CHUTE.

Nunca desistimos.

Quando veio a ASSERTE nos procurando – em um momento em que estávamos desistindo da FUNARTE e começando a investir em outras instâncias – eles nos abriram a cabeça e abriram a situação que ocorria lá dentro. E que era sentido aqui de fora pelo grupo, como a gente sendo mais uma das coisas entre milhares para serem resolvidas no país, onde não tínhamos tanta força. Mas não. Eles mostraram a situação. Interna. A circulação da instituição, ou a falta, a estagnação. E lá destrincharam para nós coisas que nem na mídia havia saído, nem sairia - e nem saiu. Isso nos chocou. Qual o "porque"? Conversando descobrimos que era o mesmo "porque" do nosso. De melhorar a instituição que dá valor a movimentos artísticos que valorizem a cultura e a história renovando-a sempre.

E quando o Sérgio Mamberti é empossado, e nos recebe no meio de um turbilhão de coisas, nos recebe no final de uma reunião com a ASSERTE, de horas, arrumando suas coisas depois de um abraço de coração, para ir viajar, com a agenda borbulhando diz: "Minha agenda é cheia sim. E não é por isso que vou deixar de tomar decisões importantes." Bom, o diretor da FUNARTE sabe da importância do teatro, e do nosso trabalho. E depois de dizermos a ele que o teatro estava fechado há 8 anos - onde ele arregalou os olhos -, depois de afirmar pela sua pergunta se o teatro era da FUNARTE, depois de nós escutarmos que ele já havia feito peça lá ele disse : "Precisamos, antes do evento, abrir o teatro para ver se não sai aranha e lagartos de lá de dentro."

Pronto, um artista com o poder político nas mãos age como um artista. Possibilita a renovação numa primeira comunicação sua com nosso movimento, e o afeto sincero das presenças, das potências, por tudo o que terá que fazer.

No dia de sua posse entendi algo que pode ter sido a força de 68. A força da importância das coisas não pela quantidade nem a qualidade do momento. E sim quando o afeto e você faz ele ser importante, chutando para frente essa força. Para que esse quase deslumbre com a posse de Sérgio não seja duvidada... Que ela potencialize inclusive para esclarecer o que realmente pode ser feito nessa administração que pede e chama tudo.

ME PUXA!

Chama o diálogo dos servidores com a diretoria, os artistas e a diretoria – e quando digo artistas digo todos mesmo, que se interessam pela melhora das administrações das verbas públicas, de artistas que não se interessam em ser lobotomizados – a coragem de participar!

E graças a ASSERTE, pela Paula, Vicente, Paulo, Ana, entre outros, o Chico, o Marcos, estamos tendo a oportunidade de aprender sobre o que é o país, esse órgão, porque eles também acreditaram em algo que está nascendo, esse Teatro Móvel, o Movimento Dulcinelândia... O Sérgio que está afim de administrar aquela instituição com a parceria de todos. Só assim, acredito. Além das idades. Se a pessoa é mais velha tem experiência ao invés de dizer que já fez, faz de novo, melhor e ensina. Os jovens se interem. Façam. Arrisquem. Arrisquemos! Nós vamos conseguir abrir esse teatro de um formato completamente diferente das salas atuais do Rio, tenho certeza. Porque será e é um Centro de Pesquisa, e não puro experimentalismo.

O CHUTE 8° vai acontecer pela nossa resistência e as participações de todos os envolvidos, nos dias de CHUTE e fora, em outras áreas. Agradeço essa oportunidade, sem abaixar a cabeça como se tudo estivesse certo. Pelo contrário. A situação é de continuidade.

Agora vamos para São Paulo entender e se relacionar-comunicando sobre todas as questões que envolvem esse órgão nacional, assim como o Teatro Regina-Dulcina que tem também uma importância de nível nacional, nascendo com a força das comemorações para cremações.

Muita gente afim. Inventando. Criando.

Não pode ficar de estomago vazio. Mas não pode também se submeter. Ficar à parte.

Espero que cada um signifique esse momento. De nascimento do século. 68 todos foram às ruas... se encontraram. Era a força repressora empurrando encontro. Hoje o virtual nos põe a todo momento em comunicação. Para aumentar o valor, ou a importância do encontro.

Vamos nos ver na carne?

Vem a MORTA.

A MORTA das comemorações dos mortos!

A cremação para nosso nascimento. Fogo paixão!


Alo, alo...

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A PEDIDO DO HERMÍNIO BELO DE CARVALHO, REPASSO A TODOS A CARTA DELE AO MINISTRO JUCA FERREIRA SOBRE O PROJETO PIXINGUINHA.
Ministro de Estado da Cultura
João Luiz Silva Ferreira (Juca Ferreira)
Tels.:(61) 3316-2171 / 2172
Fax.: (61) 3225-9162
E-mail:
cgm@minc.gov.br

Em defesa do Projeto Pixinguinha e da palavra empenhada

Poderia usar um artifício em defesa do Projeto Pixinguinha, fazendo uma colagem dos textos de Gilberto Gil defendendo aquele programa cultural nos catálogos editados pela Funarte mas acho que você conhece fartamente o pensamento do ministro recém demissionário. E o você, no caso, não subtrai o respeito ao cargo de ministro, mas sim uma absoluta dificuldade em fazer salamaleques, ou mesmo usar de adjetivos hipócritas – que seriam logo desvendados, talvez pela falta de prática no ofício. Se há quase 50 anos eu já reverenciava Pixinguinha e Cartola, a vida me deu oportunidade de prestar atenção aos talentos que iriam enriquecer (não no sentido vil da palavra) a minha vida, possibilitando me tornar parceiro de vultos geniais iguais àqueles dois. O Projeto que leva o nome de Pixinguinha faz parte desses ritos reverenciais – assim como outros projetos que deixei aí na Funarte que, nem na época da ditadura, sofreu com episódios como os que aconteceram recentemente.

Também esse aprendizado me fez conhecer Clementina de Jesus, tão representativa na minha vida quanto o foi Chico Antonio, o cantador que a Mário de Andrade tanto impressionou. A arte de prestar atenção você pode constatá-la num texto meu de 1966, na contracapa do Lp "Muito Elizeth", no qual pedia que reparassem num jovem compositor que estava surgindo – esse mesmo Gilberto Gil que, depois Ministro, permitiu que a chama do projeto fosse reacesa na administração do Grassi. Que não se enxergue hipocrisia ou adulação quando o cultuo como o grande artista que nunca deixará de ser (acima de poderes ministeriais provisórios). E também como um colega de profissão, que veio em minha casa quando fundamos a Sombrás, isso há 30 anos, para deixar uma procuração que eu, vice do então presidente Tom Jobim, o representasse nas lutas pela moralização dos direitos autorais, numa época em que éramos assediados pela censura, no rastro do AI-5, que a Gil e Caetano aprisionou indecentemente.

Não, decididamente não creio que Gilberto Gil tenha renegado seus textos em favor do projeto ou anulado, moralmente, a referida procuração. Quanto à extinção do Pixinguinha, logo anunciada na troca de Ministros, soa como traição ou insubordinação aos ideais daquele importante músico.

No ano passado, quando fui chamado para fazer a curadoria do Pixinguinha, não imaginava que, na verdade, estavam me entregando uma urna ainda vazia, na qual iriam depositar as cinzas daquele Projeto. Aceitei o cargo sob algumas condições: que reativassem também os projetos Lúcio Rangel de Monografias e o Radamés Gnattali (discos paradidáticos), além de propor a reabertura da Sala Sidney Miller e a reedição de livros do grande Jota Efegê.

Me senti traído quando o Projeto Pixinguinha foi extinguido e mutilado, e a edição dos livros de Jota Efegê não ganharam a merecida distribuição. Mau uso do dinheiro público, fazendo reverter ao ostracismo aquelas reedições. E as outras promessas feitas? Caíram no ossário do esquecimento. Também me impressionou o clima de terrorismo que encontrei infestando aquela Casa.

É consenso que a utilização da mesma marca Pixinguinha num projeto totalmente inverso ao original foi manobra que a ninguém iludiu. É a máquina pública modorrenta e preguiçosa, viveiro de incompetentes moscas varejeiras que infectam de burocracia o fazer cultural. E criminosamente extirparam a principal característica daquele programa apoiado por Gil: a circulação da música brasileira por todo o país. Cultura que não circula morre de inanição, é devolvida ao anonimato.

Assim como confiei em Gil em 1966, não haveria porque não dar crédito àqueles que executavam sua política cultural, com especial destaque para os textos em que defendia o Projeto. Ou seriam apócrifos?

Portanto, não poderia dormir direito com minha consciência se não viesse lembrá-lo que estar Ministro até 2010 não o desonera de fazer cumprir o que foi prometido pela gestão anterior que comandava a Funarte.

É a homenagem que presto à minha consciência, ao não me silenciar diante de tais iniqüidades. Estou certo de que você, igualmente avesso a desajeitados salamaleques, há de compreender que o ano e pouco que ainda terá à frente do Ministério da Cultura o obrigará a um olhar reflexivo sobre esse ato de vandalismo e genocídio cultural que vem dizimando aqueles que ainda reverenciam a palavra empenhada e se sentem desrespeitados por esse caos.

Atenciosamente,

Hermínio Bello de Carvalho

hbello@rionet.,com.br

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

ALÔ ALÔ ARTISTAS!!


Política, interesse e amor



O amor é filho do tempo.

O tempo intervém na trama.

E ela acaba ou se renova.


Estomos aprendendo o que é fazer política pra perdermos o preconceito com política. Porque se política é uma merda, aí é que precisamos fazer política pra deixar de ser merda.


Se eles fazem política, a política é pra eles. Se a gente faz, é pra gente. E se todos fazem, é para todos. Na política da ágora grega, interferimos porque é do nosso interesse. Façamos política com amor, acompanhemos as políticas públicas para o nosso setor. Procuremos conhecer e acompanhar as políticas públicas para a cultura, já que é cultura que fazemos.

Com amor.

Cuidando.


O Ministro da Cultura, Juca Ferreira, está fazendo encontros por todo território nacional para discutir com os produtores e agentes de cultura do país as próximas ações do Ministério. A série de encontros denominada Diálogos Culturais, com artistas e produtores culturais do país, tem como objetivo discutir as questões do Ministério com quem está na prática produzindo cultura no Brasil. O primeiro encontro da série aconteceu na quinta-feira passada no Palácio Gustavo Capanema, onde se encontra a FUNARTE e outros setores de cultura do governo federal, no Rio de Janeiro. Estivemos no encontro por conta dos últimos acontecimentos na FUNARTE e pela luta que travamos pelo Teatro Dulcina. Nosso objetivo era entender como fica a re-estruturação da FUNARTE depois da presidência destruidora de Celso Frateschi e entregar ao seu presidente interino, Zulu Araújo, o projeto do Movimento Dulcynelândia.


O encontro foi interessante, mostrando boas possibilidades de diálogo com o novo Ministério. O Juca realmente falou tudo que queríamos ouvir sobre a Lei Rouanet. Ele tem opiniões muito interessantes acerca da lei e seus problemas, que nunca tinhamos ouvido nenhum dirigente de cultura dizer. Por exemplo: “se vamos dar cem por cento de isenção para tal projeto, é melhor já dar o dinheiro direto, já que o dinheiro que viria da empresa seria dinheiro público, de imposto.” (www.cultura.gov.br/reformadaleirouanet). Parece que as coisas vão melhorar. Mas só se falou disso. Todos os produtores e artistas ali presentes estavam preocupados com a Lei Rouanet, em como vai ser agora, como serão seus projetos.


Gente, a Lei Rouanet é só um dos meios do estado financiar cultura, e que ainda dá créditos a empresas privadas através de um dinheiro que é público.


A Fundação Nacional de Arte – FUNARTE é o principal meio que o governo federal tem de financiar a cultura de uma forma democrática e justa. Não podemos deixar de discuti-la, pois como o próprio Ministro disse: a principal forma que o governo tem de fomentar grupos e artistas pelo Brasil todo é através de programas e editais, e não através de lei de incentivo, que dependem de interesse do marketing de empresas privadas.


Não resta dúvidas que a FUNARTE - como o principal órgão de políticas públicas para cultura - e sua renovação, precisa ser pauta principal de uma conversa como essa que aconteceu quinta feira passada com o Ministro. Juca falou que, mais ou menos em vinte dias, terá o nome do novo presidente. Achamos que, em vez de simplesmente anunciar quem será presidente depois de decidido, devia acontecer uma discussão com possíveis nomes em aberto, com os artistas e os servidores, que são os mais interessados nessa presidência e diretoria. Pois o diálogo dessas duas partes com a Presidência tem que ser o mais aberto e saudável possível. Para não acontecer uma gestão centralizadora como a de Celso e para podermos juntos re-estruturar a FUNARTE, depois desse período negro pelo qual ela passou.


Os bons ventos do diálogo e da tranqüilidade merecem comemoração mas agora, num momento de renovação, é a hora certa para estabelecermos de vez a comunicação entre artistas, servidores e presidência para que possamos fazer juntos a renovação da estrutura e das relações dessa instituição tão importante para a cultura do país. Com amor e respeito a todos os interessados.


O interesse é o primeiro passo da ação.


É de extrema importância a mobilização dos artistas de todos os setores em conhecer isso tudo. Para entender como se dão os processos na esfera pública, das verbas, das leis, de políticas na área de cultura.


Cuidar e participar.

Se fazer presente e se fazer escutar.


Para que depois não chorem nos seus umbigos trancados em suas salas, dizendo que a cultura no país não tem mais jeito.


Acordem!


Mais do que para o público, a FUNARTE é uma instituição feita para os artistas, para atender as especificidades de cada setor, para que os artistas sejam ouvidos em suas necessidades.


A FUNARTE tem que se tornar interesse de todos que fazem arte e promovem cultura no país.


Participemos e cuidemos do que é nosso por interesse.


Não sejamos burros.

Não nos tranquemos em nossos projetos-umbigos-particulares, pois o que é nosso, público, é de todo mundo.


Do que é público cuida quem se acha dono.


Axé de motivação e movimentação.


Merda!

Mesmo com a renuncia do Celso esse texto é chamado para os artistas tomarem conta da FUNARTE

S.O.S. FUNARTE

ALÔ, ALÔ ARTISTAS

De todas as estratosferas


O Movimento Dulcynelandia, agregação de jovens artistas, tem desde o início do seu movimento a tentativa de comunicação com a FUNARTE.


Toda a nossa comunicação está exposta no blog do Movimento.

www.movimentodulcynelandia.blogspot.com


A primeira comunicação foi através de uma carta-aberta, onde foi pedido o apoio de artistas que ajudassem a pressionar a FUNARTE para que ocorresse uma reunião com o diretor Celso Frateschi e conversarmos sobre o Teatro Dulcina, seu futuro, ou seja, as idéias da FUNARTE para o teatro e nessa conversa poder apresentar a nossa idéia para o teatro; que na época era a reforma do teatro com outra arquitetura, e não a única pensada para o teatro, que é uma reforma para deixar como era a 50 anos atrás. Para isso precisaríamos entrar no Dulcina com nossa arquiteta, engenheiros e artistas; esse era o tema da nossa reunião, que teve como ponte entre nós e Celso a Rosana Pussenti, na época assistente ou secretária dele.

Um dia (quase dois meses depois da carta-aberta, pressões, ligações e tal) recebemos um telefonema dela, Rosana, dizendo que o Celso Frateschi comunicava que a FUNARTE iria arrumar o Dulcina e que nós poderíamos entrar no teatro ocupando artisticamente através do edital.

Foi quando dissemos que não queríamos só fazer peças no teatro, mas que queríamos pensar uma outra arquitetura, pra busca de um outro tipo de teatro. Para que o interesse, de nosso grupo e de outros, de ocupar o teatro, nasça enfim de um desafio, uma pesquisa, um teatro que instigue. Pegando como força as renovações feitas por Dulcina de Moraes. Mas ao invés de simplesmente homenagear a mulher, resolvemos agir como ela. Fazer. Batalhar. Praticar. Nascer no teatro.

Explicamos tudo isso a Rosana, e na mesma ligação ela pediu um momento, e depois de parecer ter falado com alguém - que poderia ser o próprio Celso - , fomos encaminhados à Cláudia Demutti, quem “cuida” da área de artes cênicas.

Ligamos para a Cláudia, que nos disse a mesma coisa sobre o projeto de arquitetura, nos fechando completamente a porta de qualquer comunicação ou nova idéia, e nesse momento re-explicamos tudo o que queríamos a ela, que nos respondeu que em nosso texto não estava claro “o que queríamos”, - mesmo esse texto tendo rodado os olhos de vários artistas que assinaram embaixo o pedido de reunião. Então dissemos que escreveriamos outra carta “mais objetiva” ainda, dizendo que quereríamos entrar no Dulcina, pra discutir a arquitetura e etc etc...

Fizemos esse outro segundo pedido. Enviamos a todos novamente em e-mail aberto explicando o descaso da FUNARTE para conosco e anexando essa outra carta “mais objetiva”. Nada, mesmo. Nada vindo da FUNARTE. E olha que estávamos levando uma proposta nova e diferente para o teatro, não estávamos lá para pedir dinheiro para a montagem da nossa peça. Mesmo assim, nada.

Percebendo que não seriamos ouvidos pela FUNARTE fomos instigados pela prática, pela atuação. Foi quando decidimos fazer o CHUTE, na porta do teatro, ensaiando a peça A MORTA de Oswald de Andrade, escolhida por nós a peça pra ser queimada em nossos corpos, e feita em homenagem à Dulcina-Be-Atriz.


Para o CHUTE também convidamos bandas, e outras apresentações na Rua Alcindo Guanabara, na porta do teatro, quinzenalmente. O que começou a trazer a atenção da ocupação Manuel Congo, pelas suas crianças, o bar ao lado e seus freqüentadores, pois o bar fica aberto até mais tarde nos domingos de CHUTE, e as pessoas que migravam para comparecer aos domingos, criando um fluxo de pessoas significativo na rua, para um evento cultural que engloba a conscientização da política cultural atual do Rio de Janeiro, e do Brasil.


No meio disso descobrimos que o histórico teatro Dulcina não era, não é tombado.


Então é possível propor um projeto de reforma emergencial através do IPHAN para que o teatro se abra, e que lá dentro se faça uma grande experiência viva para se descobrir a demanda da reforma e transformação para o Dulcina através da convivência dos artistas e do público!(?)


Criando relações do projeto de cultura e educação com o projeto de moradia da ocupação Manuel Congo na frente do teatro Dulcina.

Estamos batalhando com apoio do Valério Peguinini, na questão do tombamento. Estamos estudando entre nós, nos organizando juridicamente, e praticando a montagem da peça A MORTA, assim como outras produções dentro do grupo, e assim vamos nos formando.


Nesse meio tempo – de lutas e cremações, e de agregações – fomos contatados, e não é a primeira vez que isso acontece, por causa do nosso blog, que cuidamos com todo amor das poesias vividas nos CHUTES, na criação da revista, nos eventos culturais paralelos como o EBÓ CULTURAL em Santa Teresa. Fomos contatados por servidores públicos da FUNARTE, que aprovam nosso projeto, e nosso movimento, acrescentando que é preciso mesmo essa pressão na FUNARTE, pois o diretoria da Fundação comandada por Celso Frateschi lidera o órgão público através da falta de diálogo com os servidores, em pequena e grande escala.


Sabemos dos disparates do último edital, em várias áreas, como sentimos no corpo essa falta de diálogo tanto com artistas como para com os servidores.

Recebemos deles depois de termos participado de um encontro, o manifesto que foi entregue ao Ministro da Cultura Juca Ferreira, manifesto que expões alguns problemas da administração do Celso Frateschi e o pedido de saída do atual presidente.


Então colocamos aqui de antemão que essa luta não é pessoal nem partidária.


Achamos que é de responsabilidade de todos os artistas de todas as áreas, conhecidos, famosos, musos, artistas amadores, reconhecidos, anônimos... é responsabilidade de todos tomarem conhecimento de como são administradas as verbas públicas, principalmente as da FUNARTE, que é um órgão feito para os artistas.


Não adianta tirar um César, pois depois vem outro.


O importante seria, o afastamento, ou a saída desse grupo, desse diretor, para que com a participação dos artistas se possa pensar na melhora da FUNARTE, com os próprios artistas propondo novas administrações pra espaços fechados, como temos para o Dulcina. Pois se a FUNARTE tem espaços que não consegue dar conta, porque também querer arrendar outro teatro, que é o caso do TBC, teatro histórico de São Paulo? Que já custou do começo do ano até agora meio milhão de reais. Dinheiro que poderia ter revitalizado o Teatro Duse e o Teatro Dulcina, com uma reforma emergencial, por exemplo. Nada contra uma biblioteca no Bixiga.

É preciso que os artistas se manifestem não por derrubar um poder, mas para melhorar um órgão público. Imaginem como nós – que queremos colocar a peça A MORTA no edital Miriam Muniz – confiaremos que o nosso e todos os outros projetos do Brasil inteiro vão ser avaliados por pessoas competentes depois do escândalo dessa equipe? Quem são essas pessoas de “cunho profissional” escrito no edital? O diretor carioca Vicente Maiolino, artista que trabalhou muito tempo com o projeto Pixinguinha, tanto na formação do edital quanto na participação como artista, diz que antes as pessoas que avaliavam os projetos eram escolhidos pelos próprios artistas.


Aqui o Movimento Dulcynelandia pede aos ARTISTAS QUE TOMEM PARTIDO DA RENOVAÇÃO DA FUNARTE, ATRAVÉS DA CONSCIENTIZAÇÃO DO QUE ESTÁ ACONTECENDO NA ADIMINSITRAÇÃO ATUAL.


VOCÊS QUEREM SABER O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

NÓS DO MOVIMENTO DULCYNELÂNDIA QUEREMOS, PRECISAMOS.


Terça feira, dia 07/10/08, o Movimento Dulcynelândia ocupará a praça da Cinelândia na frente da estátua do Carlos Gomes, fazendo um chamado a todos os artistas do país para que tomem partido do que está acontecendo para que haja um levante não de destituição, mas de renovação. Esse ato agregará músicos que tocarão na Cinelândia, com o microfone aberto para a exposição do pleito, a todos os interessados em melhorar as relações entre os órgãos públicos e seus artistas, civis, administradores.


Nasce século XXI com ação, sem reclamação, com criação.


CORAGEM.


merda



Movimento Dulcynelândia

pro Brasil pros corações

SERVIDORES RESPONDEM ÀS ACUSAÇÕES DE CELSO

Associação de Servidores da Funarte rebate acusações de ex-presidente

Morillo Carvalho
Repórter da Agência Brasil


Brasília - A Associação de Servidores da Fundação Nacional de Artes (Asserte) respondeu hoje (9) às acusações de que apenas um grupo de 15 funcionários teria reclamado ao Ministério da Cultura sobre abusos na gestão de Celso Frateschi, que pediu o afastamento do cargo na segunda-feira (6). O ex-presidente da Funarte fez a declaração à Agência Brasil, na noite de terça-feira (7).


"Está todo mundo dando graças a Deus de eles terem saído. As pessoas se abraçam, riem e dizem 'meu Deus, que clima leve que está aqui'. Dá até vontade de rir quando ele [Frateschi] diz que isso é coisa de 15 lobistas", disse a presidente da Asserte, Paula Nogueira.

Após a declaração de Frateschi, a associação providenciou um abaixo-assinado de apoio ao manifesto encaminhado ao Ministério da Cultura, que acusava a gestão de Celso Frateschi de "intimidar" funcionários, com ações abusivas e assédio moral.


"A intimidação era crescente por conta de uma centralização excessiva da gestão do Celso Frateschi e Pedro Braz [diretor executivo]. Inclusive, ele [Braz] criou uma espécie de triunvirato aqui dentro, onde decidiam ele, o auditor e a procuradoria jurídica, todas as questões da casa. Nada, de um simples grampo a um toner, nada poderia ser feito sem a autorização dele", defendeu.


Segundo Paula, a assembléia não tinha 15 "lobistas, como Frateschi saiu espalhando na mídia". A ata do encontro, também enviada à Agência Brasil, pontua sete problemas e cita "ineficiência administrativa" e "editais impostos pela direção". Em entrevista, o ex-presidente da Funarte disse que "infelizmente o ministério deu ouvidos a eles [a associação de funcionários]".


A Asserte também rebateu as declarações do ex-presidente de que o acúmulo de processos que aguardavam a análise da Funarte para enquadramento na Lei Rouanet (de Incentivo à Cultura, nº 8.313/91) teria ocorrido por causa da greve dos servidores, no ano passado.

A associação atribui o acúmulo a uma paralisação voluntária, por cerca de sete meses, do funcionamento do setor que analisa os processos, em decorrência da não-renovação de contratos de sete dos 11 pareceristas externos (responsáveis pelas análises), o que teria deixado 3,2 mil projetos sem análise. Em maio deste ano, a Funarte teria contratado 20 novos pareceristas, sem licitação e sem experiência em análise de projetos culturais.

"Os projetos analisados pela Funarte em 2006 foram 4.572, e em 2007, foram 4.494, em 73 dias*. Eles [a direção da Funarte] foram diminuindo esses contratados, o ministério pedindo que eles recontratassem, e eles não recontrataram. Agora, no final, eles fizeram uma contratação a toque de caixa de 20 pareceristas, sem experiência – tem nutricionista, ex-office boy. E eles sofrem pressão, acabam tendo que aprovar aquilo que a direção executiva quer. A quem interessa esse nível de terceirização?", questiona.


* OBSERVAÇÃO: Eu não disse isso, ele entendeu errado! Eu disse: em 2007 foram analisados 4494 projetos, apesar dos 73 dias de greve dos servidores da Cultura.

Celso Frateschi conta por que pediu demissão da Funarte

Rachel Almeida, JB Online


RIO - Celso Frateschi conta por que pediu demissão do cargo de presidente da Funarte, na tarde desta segunda-feira.


- A minha demissão acontece porque venho percebendo uma articulação contrária à minha permanência no cargo. Houve uma série de eventos que me levaram a acreditar nisso. Eu não creio que haja coincidência em política. Não sou político, não sou administrador público por formação e não tenho interesses individuais. Aceitei o cargo por um projeto coletivo. E decidi sair quando vi que isso não poderia mais continuar.


Segue na íntegra a carta que Celso Frateschi enviou ao ministro da Cultura, Juca Ferreira:


Exmo Senhor Juca Ferreira, Ministro de Estado da Cultura,


Na dinâmica política, não há coincidências. Há oportunidades. Os chamados agentes políticos, ligados ao poder público ou à sociedade civil, sempre se defrontam com uma encruzilhada: ir pelo caminho da ética, da esfera pública ou pelo outro caminho. Neste caso, não há "a terceira margem do rio".


Vamos enumerar as "coincidências": 1) em recentes reuniões (30/09 e 01/10) de Planejamento Estratégico do Sistema MinC em Brasília, a Funarte mais uma vez foi foco das atenções; 2) em 04/10/2008, o jornal O Globo publicou a reportagem "Parecer recorde"; 3) em 04/10/2008, a Associação de Servidores da Funarte (Asserte) divulgou nas paredes da instituição correspondência encaminhada ao Ministro da Cultura, datada de 02/10/2008; 4) no dia 09/10/2008, o Ministro da Cultura inicia, no Rio de Janeiro, uma série de debates, intitulada "Diálogos Culturais"!


Tentemos "desconstruir" as coincidências. Vamos à primeira: "a Funarte tem problemas", frase que mais uma vez foi amplamente repetida por dirigentes do MinC nas "discussões" de um "novo" Planejamento Estratégico. A frase é corretíssima e poderia, com certeza, ser estendida ao Ministério da Cultura. De várias maneiras: a) o problema do MinC é a Funarte e, se resolvidos os problemas da Funarte, automaticamente os problemas do MinC estarão resolvidos; b) a maior parte dos "problemas" da Funarte só poderá ser resolvida se o MinC resolver os seus "problemas"; c) os "problemas", da Funarte e do MinC, ferindo a dialética, não têm solução!


Mas quais são esses problemas? Quem os enumera? Vamos a um deles, que a Presidência da Funarte trouxe ao debate desde a sua posse: a Lei Federal de Incentivo à Cultura. Desde o primeiro semestre de 2007, a Funarte participou de inúmeras reuniões com dirigentes do MinC para discutir as "mudanças da lei". Mas uma "pauta" foi sempre privilegiada: a reunião mensal da CNIC e o passivo de projetos em análise na Funarte. O passivo existia, ampliado pela greve de servidores de 2007 – que não atingiu ou paralisou um único setor do MinC, com destaque para a Secretaria de Incentivo e Fomento à Cultura (Sefic), que encaminhou cotidianamente centenas de processos à Funarte, mesmo com a informação de que a instituição estava cercada por piquetes de servidores em greve. Sem perder o humor, a conclusão era óbvia: A Funarte transformou-se na Geni, da genial música de Chico Buarque.


Todas as propostas encaminhadas pela Funarte para alterações racionais da legislação, bem avaliadas por dirigentes do MinC, provavelmente sucumbiram pela pressão constante do passivo de projetos em análise na instituição. Ora, se o problema é o passivo de projetos para análise na Funarte, vamos resolver. Resolvemos! De forma transparente, de acordo com a legislação, destruindo interesses internos e externos consolidados em muitos anos, com gestão e trabalho, muito trabalho de vários profissionais. Hoje a Funarte emite pareceres em no máximo 21 dias, quando a legislação estipula 60 dias; hoje os processos recebidos são registrados no protocolo geral da instituição, com controle de datas; hoje a instituição tem conhecimento de todos os procedimentos e não só a Coordenação do Pronac! Está perfeito? Nem um pouco, continuamos enxugando gelo, com mais agilidade e transparência, continuamos analisando projetos em papel em pleno século 21, somando milhares de planilhas em papel, alimentando sistema de informação centralizado para "agilizar" as reuniões da CNIC, sem estabelecimento de cronograma de apresentação de projetos, sem tetos definidos para projetos ou proponentes, sem tabelas de preços de serviços, sem critérios de Política Pública para avaliação das propostas, sem uma legislação republicana de incentivo fiscal à cultura. Culpa da Geni, maldita Geni! É bom nem lembrar, para que a querida Geni não seja mais apedrejada, que todo esse maravilhoso" sistema de financiamento não consegue "fechar o círculo", ou seja, avaliar milhares de prestações de contas, ou seja, analisar de que forma o recurso público foi utilizado!


Outros problemas. A Funarte precisa ser nacional, precisa atuar em todo o território nacional, precisa manter um diálogo permanente com os outros entes federativos. "Ora, Funarte, por que você não implanta o Sistema Nacional de Cultura?" A Funarte precisa diversificar seu raio de ação, disponibilizar mais recursos para os vários setores da produção artística, ampliar seu orçamento. "Ora, Funarte, olha o pré-sal, por que não apresenta mais propostas para a Petrobras? Funarte, você é maluca de propor que os valores da renúncia fiscal sejam diminuídos e a diferença, transferida para o Fundo Nacional de Cultura para utilização via seleção pública! Só você e o inistério do Planejamento para concordarem com essa loucura! E esqueça os recursos das Loterias, você não foi premiada."


A Funarte, não tem jeito, atrasou como pôde o Programa Mais Cultura (que comemorou recentemente um ano de lançamento), logo ela que foi a primeira a realizar uma oficina de trabalho de uma das ações previstas. Deve ser porque faltou em alguma reunião. O Brasil não tem uma clara política para as Artes. Quer dizer, até 2006 tinha.


Não tem a partir de 2007. Deve ser porque a Funarte não apresentou o Plano Nacional de Cultura até hoje para o Congresso Nacional! A Funarte tem muitos problemas, que não serão resolvidos isoladamente e em curto prazo. Tem sérios problemas de recursos humanos, mas não tem "consultores" agregados. Está na metade do século 20 em Tecnologia da Informação. É precária nos procedimentos de gestão, quase ausente, como o MinC, nos seus indicadores de metas e resultados, nos processos de avaliação.


A direção da Funarte, está claro – e deixamos de abordar muitos outros aspectos –, é um problema porque enfrentou os seus problemas.


A SEGUNDA COINCIDÊNCIA


A reportagem do jornal O Globo informa que um projeto, de uma instituição da qual o Presidente da Funarte foi o fundador, recebeu tratamento especial para sua tramitação e avaliação no âmbito do Programa Nacional da Cultura. Recebeu, como dezenas de outros, porque tinha intenção de patrocínio. Essa decisão foi tomada pelo Ministério da Cultura. Encaminhamos informações de vários outros projetos na mesma situação ao jornalista, encaminhamos mensagem eletrônica da Petrobras informando que o interesse de patrocínio estava definido desde julho de 2007, encaminhamos informações de que vários projetos, no mês de dezembro de 2007, foram aprovados pelo mecanismo de "ad-referendum" pelo Ministério da Cultura, ou seja, sem avaliação da Cnic, para que a produção artística e cultural não fosse mais prejudicada. O jornalista e o jornal optaram por desconsiderar tais informações. Por quê?


Há interesse do jornal e do jornalista em obter informações por que o Ministério da Cultura, em sua Secretaria Executiva, estruturou um setor para coordenar as demandas e projetos do Pronac? Os dirigentes do Ministério da Cultura esqueceram-se dos telefonemas e mensagens eletrônicas encaminhadas à Diretoria Executiva e à residência da Funarte para que o projeto X entrasse na pauta da Cnic. Artistas, produtores, representantes de instituições, parlamentares, membros da Cnic também estão tendo uma amnésia repentina?


A Funarte, dentro dos limites humanos de um grupo de profissionais responsáveis, mês a mês foi diminuindo o passivo de projetos em análise. Em cada emergência, seja do Ministro da Cultura, do Secretário Executivo, dos Secretários do Ministério, da produção artística, das instituições, respondemos com espírito público. Mas como uma diferença do modelo anterior: com transparência, com responsabilidade. Para que os processos emergenciais chegassem com mais rapidez, contratamos até um serviço de carga aérea. Os que estão na encruzilhada, optando pela ética, que se manifestem.


A TERCEIRA COINCIDÊNCIA


A carta da Associação de Servidores da Funarte é emblemática. Reflete bem o nível de informação de seus dirigentes ou para qual caminho da encruzilhada, anteriormente citada, optaram. Em relação à avaliação histórica do início da carta, optamos por não comentar. Pessoas atentas, com certeza, devem ter mecanismos de análise para descortinar o diagnóstico do que é a Funarte. Vamos à centralização das decisões. A direção da Funarte decidiu de forma autoritária que o Governo Federal deve ter um Plano Plurianual, que deve apresentar um Plano de Trabalho de acordo com o orçamento definido na Lei de Diretrizes Orçamentárias e aprovado pelo Ministério da Cultura e, posteriormente, pelo Congresso Nacional.


Será que os dirigentes da Asserte sabem que todos os Centros apresentaram suas propostas de trabalho e que infelizmente elas demandavam mais recursos do que os aprovados pelo Congresso Nacional? Será que os dirigentes da Asserte sabem dos cortes orçamentários que o Ministério da Cultura é obrigado, por determinação legal, a demandar à Funarte? Será que os dirigentes da Asserte sabem que a direção centralizadora da Funarte conseguiu dotação orçamentária para projetos tradicionais da instituição, como Pixinguinha, Painéis de Bandas, Painéis de Regência Coral? Será que os dirigentes da Asserte sabem que a atual direção centralizadora da Funarte garantiu a maior dotação orçamentária para o Centro de Documentação da instituição? Será que os dirigentes da Asserte sabem – ou querem saber – que a Funarte realizou, em 20 e 21 de fevereiro de 2008, uma Oficina de Planejamento Estratégico, cujos resultados iniciais foram distribuídos a todos os funcionários e que – opa! – o atual Ministro da Cultura, ainda Secretário Executivo, fez o encerramento, elogiando as mudanças conceituais propostas e que nortearam o Plano de Trabalho de 2008 Importante ressaltar: participaram todos os dirigentes da instituição. Será que os dirigentes da Asserte sabem – ou querem saber – que no dia 07 de julho a Diretoria Executiva realizou, em mais de 8 horas, uma Reunião Geral, com todos os dirigentes dos Centros, Auditoria Interna, Procuradoria Jurídica, Assessoria, para discutir um protocolo geral para as seleções públicas de projetos previstos no Plano de Ação 2008 da instituição?


Será que os dirigentes da Asserte querem perguntar aos técnicos do Centro de Música, por exemplo, se a Diretoria Executiva ou a Presidência indicou algum profissional para ministrar oficinas nos Painéis de Banda ou de Regência Coral que estão se iniciando? Será que os dirigentes da Asserte querem perguntar aos técnicos do Centro de Artes Visuais, por exemplo, se a Diretoria Executiva ou a Presidência indicou algum profissional para ministrar oficinas na Rede de Artes Visuais? Será que os dirigentes da Asserte querem perguntar aos técnicos do Centro de Artes Cênicas quantas rodadas de discussão foram realizadas com a Diretoria Executiva para formalizar as seleções públicas na área de circo, no início de 2008? Será que os dirigentes da Asserte querem perguntar aos coordenadores do Projeto Pixinguinha 2007 e a Diretoria Executiva ou a Presidência indicou algum profissional, fornecedor ou empresa para desenvolvimento do projeto? O curador do projeto recebeu alguma sugestão da Presidência ou da Diretoria Executiva? Talvez esses dirigentes se interessem pelo resultado administrativo de tal autonomia! Será que os dirigentes da Asserte querem perguntar aos "novos concursados" que integram a Assessoria Especial quantas reuniões já foram realizadas com a Diretoria Executiva? Querem saber que estes profissionais realizam, autonomamente, visitas técnicas em vários Estados e participam de várias reuniões no Ministério da Cultura sobre o Programa Mais Cultura?


Os exemplos são muitos. Mas vamos à "atuação pífia", de "repassadora de verbas". Será que, com a saída do Ministro Gilberto Gil, o Ministério da Cultura "desmontou" a vitoriosa arquitetura de seleções públicas? Será que o maior Programa de Bolsas na história do Ministério da Cultura não está de acordo com a política do atual Ministro? Precisamos avisar aos dirigentes do Programa de Pontos de Cultura, aos dirigentes da Secretaria de Identidade e da Diversidade Cultural, aos dirigentes da Secretaria do Audiovisual, aos dirigentes do Programa Mais Cultura, aos dirigentes das Secretarias Estaduais de Cultura. Os dirigentes da Asserte informam aos gestores públicos (e também privados) de cultura: "a Funarte está praticamente reduzida à condição de mera repassadora de verbas, tentando conceder prêmios e bolsas por meio de editais mal elaborados". Fiquem espertos!


Rompendo a cronologia da carta, somos obrigados a comentar os "editais mal elaborados", "confusos", "mal redigidos", que "contém exigências absurdas e vários equívocos". A Secretaria de Políticas Culturais, do Ministério da Cultura, organizou um Observatório de Editais. Esperamos que ela se pronuncie. O que podemos afirmar é que tais instrumentos são mais transparentes, com "regras de barreiras" e clara definição de critérios de seleção, contratação e acompanhamento. Será que estas características incomodam? Quanto à legalidade, com certeza a Auditoria Interna e a Procuradoria Jurídica da Funarte irão se pronunciar, pois nenhum dos editais foi publicado sem a severa manifestação destes órgãos. Em relação à afirmativa "Até mesmo os técnicos e demais funcionários têm dificuldade de compreendê-los", só nos resta agradecer.


Voltemos aos outros "equívocos". Projeto Conexão Artes Visuais: está sendo desenvolvido como o Centro de Artes Visuais o programou, encerrando suas atividades com o último premiado. Para sua continuidade, a centralização dos dirigentes da Funarte não influi muito, depende do Ministério da Cultura convencer a Petrobras, que o patrocina. Projeto Projéteis de Arte Contemporânea: concluída a versão 2007 recentemente, sem dotação orçamentária em 2008; Arte Sem Barreira: em decisão conjunta com o Ministério da Cultura, foi transferido para a Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural; Câmaras Setoriais: extintas com a formação do Conselho Nacional de Políticas Culturais, tendo suas últimas reuniões previstas para este mês em Brasília, por determinação do Ministério da Cultura; Projeto Pixinguinha: novo formato decidido com o Ministro Gilberto Gil, que elogiou as novas perspectivas, sendo que desde 2007 foi discutido com o Centro de Música, autor da minuta do atual edital.


A crítica à "estadualização" é pertinente. A Funarte ainda não conseguiu, como a Secretaria de Programas e Projetos Culturais (Pontos de Cultura), repassar os recursos para os Governos Estaduais. Tomara que a Funarte atinja tal patamar. Atualmente só conseguimos lentamente inverter a lógica da territorialidade, garantindo que todos os Estados ou Regiões sejam contemplados nos processos de seleção. O Projeto Bandas, que a direção centralizadora da Funarte descentralizou, definindo os premiados por seleção pública e não por decisão interna, pela primeira vez acreditou que dirigentes de corporações centenárias, cidadãos, têm responsabilidade e capacidade para adquirir seus instrumentos. Com essa decisão centralizadora, evitou-se que a Funarte comprasse os instrumentos, estocasse e desenvolvesse uma vultosa operação de transportes e aproximadamente 30% dos recursos disponíveis fossem transferidos para as bandas premiadas!


A crítica sobre a "desarticulação de uma política de circulação nacional de artistas e técnicos" é também pertinente, desde que possamos pactuar as regras do Sistema Nacional de Cultura. Coincidentemente a direção centralizadora da Funarte está tentando iniciar uma experiência com as Secretarias de Estado do Nordeste.


Vamos à ocupação dos espaços culturais. Será que os dirigentes da Asserte sabem que dois teatros no Rio de Janeiro estão com licitações em andamento para reforma? Sabem que as duas salas de espetáculos no Complexo Cultural, em Brasília, com problemas crônicos de muitos anos, serão reformadas? Sabem que depois de uma longa "novela", a obra da Regional de São Paulo foi concluída? Sabem que o histórico Teatro de Arena, em São Paulo, já concluiu a reforma e que deverá ser reinaugurado com um amplo programa sobre a dramaturgia brasileira? Sabem que existem licitações em andamento para aquisição de equipamentos de iluminação e sonorização, pelo regime de registro de preços, permitindo que todas as salas disponham de sistemas permanentes, fugindo das perpétuas locações? Sabem do investimento, desde 2007, em infra-estrutura na área de Informática? Será que eles sabem que a Funarte não tem uma Intranet, não tem nenhum sistema de gestão corporativa, que somente em 2008 conseguimos entrar na fase de testes do "protocolo informatizado"? Será que algum dirigente da Asserte visitou o Centro de Conservação e Preservação Fotográfica e entendeu o salto tecnológico que aquela importante instituição alcançou? Será que algum dirigente da Asserte conhece um pouco do que está planejado para a Escola Nacional de Circo?


Vamos à compra de um teatro em São Paulo. Será que os dirigentes da Asserte sabem que o atual Ministro, quando Secretário Executivo do Ministério da Cultura, demandou à direção centralizadora da Funarte para que viabilizasse a transferência de uma magnífica biblioteca do Museu Lasar Segall para a instituição, na cidade de São Paulo? Sabem que o Ministério da Cultura definiu no orçamento da Funarte para 2008 o valor de R$ 5.000.00,00 para aquisição de um espaço e que a direção centralizadora está na fase final de aquisição do histórico Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), avaliado em mais de R$ 7.000.000,00? Sabem dos recursos orçamentários existentes para o projeto de adaptação, a ser desenvolvido de acordo com os técnicos da biblioteca? Os dirigentes da Asserte não sabem, mas o Ministério da Cultura sabe, o Ministro da Cultura sabe, o Iphan sabe, o Centro de Programas Integrados sabe!


Para finalizar, esta "terceira coincidência", os dirigentes da Asserte não sabem, mas o conjunto dos servidores da Funarte e a produção artística brasileira sabem o que era a Coordenação Pronac. Sobre o curso de pareceristas, promovido pelo Ministério da Cultura, verifiquem de que forma se deu seu agendamento, seu programa e os motivos que levaram a sua realização. Os dirigentes da Asserte podem perguntar aos diretores da instituição se eles foram consultados ou não. Porém, havia uma condição para participar: Os interessados seriam transferidos para a Coordenação Pronac. Quanto a "dar ordens verbais", o protocolo da instituição pode emitir estatísticas sobre o número de processos abertos e o número de Memorandos da Diretoria Executiva.


Quem participa dos trabalhos cotidianos da instituição também pode emitir suas opiniões! Em 2007, foram abertos 1595 processos; até 03 de outubro de 2008, 1525. Memorandos Internos da Diretoria Executiva em 2008: 969. Ofícios: 732!


A QUARTA COINCIDÊNCIA


São estimulantes as declarações do Ministro da Cultura desde a sua indicação, ressaltando a importância da Funarte, a prioridade que dará à instituição. São estimulantes também os mecanismos democráticos, formais, que a área da Cultura tem conseguido criar, como o Conselho Nacional de Políticas Culturais, o restabelecimento do Fórum Nacional de Secretários Estaduais de Cultura, os Conselhos Estaduais e Municipais de Cultura, o crescimento da participação do Congresso Nacional nos temas da área, as redes da sociedade civil, as instituições representativas dos diversos setores da área. O diálogo, principalmente o cultural, é fundamental para as nossas encruzilhadas.


Aceitei assumir a presidência da Funarte por acreditar na possibilidade de contribuir na construção de políticas públicas para a área cultural. Não vim para essa missão participar de brigas intestinas, pois acredito que o país espera e precisa de respostas concretas para estimular o nosso desenvolvimento cultural. Digo isso tendo como foco muito mais o conjunto de nossos cidadãos do que a nossa comunidade artística. Portanto, o movimento articulado de alguns funcionários e de alguns setores do Ministério da Cultura para desestabilizar minha gestão na presidência da Funarte não encontrará nenhuma resistência de minha parte.


Fui convocado pelo ex-Ministro Gilberto Gil para colaborar com o governo Lula, o que muito me honra e enobrece. Já havia sido secretário de cultura duas vezes em Santo André, junto com Celso Daniel, e em São Paulo, com Marta Suplicy. Experiências das quais tenho muito orgulho de ter participado. Sou um artista e vim para a Funarte com o mesmo propósito de me envolver num projeto coletivo de construção de políticas de cultura que rompesse, da mesma forma que o governo Lula rompeu, com os limites sociais e regionais de atenção e atendimento governamental. Durante esse ano e meio de trabalho, procuramos mudar alguns conceitos apontados e acordados com o Ministério: 1) Descentralizar as atividades da Funarte, deixando de lado a sua característica histórica de um "cariocacentrismo" radical. O antigo Secretário da Cultura Aloysio Magalhães dizia que a Funarte era um grande transatlântico encalhado na Rua Araújo de Porto Alegre. Deram-me a tarefa de pensar as atividades da instituição em escala nacional, como deve ser, e fazer zarpar o "transatlântico encalhado" por muitas décadas. 2) Institucionalizar nossos programas, tirando-os da fragilidade dos mecanismos esquizofrênicos da Lei Rouanet. 3) Reinventar institucionalmente a Funarte. 4) Responder aos desafios colocados por nossa produção artística nacional, dentro de conceitos definidos pela gestão Gilberto Gil. 5) Implantar políticas estruturantes em nível nacional para todas as áreas artísticas.


Avançamos muito, apesar da conjuntura às vezes adversa, tanto no Ministério da Cultura quanto na própria Funarte. No Ministério, vivemos um tempo bastante comprometido pela greve, e depois enfrentamos a troca do Ministro. Já na Funarte, além da conjuntura, temos problemas estruturais como o seu desenho administrativo extremamente presidencialista, o histórico da instituição truncado pelo governo Collor e desde então comprometida em sua missão institucional. O "transatlântico encalhado" que Aloysio Magalhães definia, em razão do longo tempo empacado no Rio de Janeiro, deteriorou talvez definitivamente, com o abandono e fragilidade da quase totalidade de seus "marinheiros". Como num navio fantasma, parte de sua tripulação, também quase fantasma, vive de assombrar o novo e de expulsá-lo de seus domínios. A carcaça carcomida dessa embarcação serviu durante muitos anos de alimento aos ratos da burocracia e do corporativismo. Gordos esperam a sua aposentadoria. Que tenham um bom apetite. Neste final de semana, fui alvo de dois ataques destes piratas do caribe. Primeiro a carta da Asserte, já detalhada anteriormente, que já teve uma resposta detalhada, para recuperar a verdade e defender aqueles inúmeros funcionários da Funarte que tentam heroicamente desencalhar essa instituição. Funcionários esses que são "representados" por uma associação que os ataca no que eles têm de mais sagrado, que é a missão de servir ao público


O outro ataque veio pelo jornal O Globo e utilizou um repórter muito bem formado na arte de dizer meias verdades, de iludir o entrevistado, de se negar a estudar documentos que venham desmontar a sua tese mentirosa. Que se sustenta em apenas partes de uma documentação editada e conseguida criminosamente. Que entrevista para um tema e usa as respostas para outro. Ou seja, um pequeno aprendiz de Goebles, que acredita que a mentira soberana passa por verdade. Esse jornalista sequer iria me entrevistar. E só o fez de "mentirinha", pois, pelo que tudo indica, a matéria já estava editada na véspera de nosso contato. O repórter se negou totalmente a consultar os documentos que revelam de forma cabal as mentiras de sua matéria e mostram a regularidade dos trâmites legais dos processos dentro da Funarte. Também não levou em consideração as informações prestadas pela Petrobras, que atestavam o interesse da estatal pelo projeto desde julho de 2007, uma vez que se tratava de um projeto de continuidade. O repórter mistura, de forma deliberada, os procedimentos para confundir o leitor e passar a idéia de irregularidade. Soma, apenas quando lhe interessa, de forma capciosa, os tempos de tramitação dos processos dentro da Funarte com os tempos em outras instâncias do Ministério. A verdade é que a Funarte regularizou o trâmite dos processos da Lei Rouanet. Atualmente o processo leva no máximo 21 dias para ser analisado pela Funarte e isso fere toda uma indústria de atravessadores que "facilitavam" as aprovações que eram de seu interesse. Uma legião de lobistas perdeu o emprego e isso os perturba. A profissão dos que "acompanhavam" os processos não tem mais nenhuma necessidade de existir. E isso aconteceu porque mexemos num nicho que resistia desde a implantação da Lei Rouanet, que era o setor de análise dos Pronac. Ampliamos o número de pareceristas, treinamos e dinamizamos a gestão e, hoje, não existem mais dificuldades, fazendo com que as "facilitações" percam o sentido de existir. Isso também perturba. Procurei, durante todo esse período, cumprir com a missão que me foi confiada. Mas não tenho mais instrumentos, nem meios, nem vontade de tentar seguir nessa viagem estagnada, nessa cidade maravilhosa onde o olhar para o nosso país parece limitar-se aos braços do Cristo Redentor. Declino da presidência da Funarte, evidentemente não pela matéria do Globo, pois na minha longa vida pública, já enfrentei outros processos difamatórios que se mostraram vazios como esse que está em curso. Saio porque se caracterizou uma articulação espúria que eu não tenho o menor interesse de enfrentar. Aceitei essa presidência para trabalhar positivamente e avançar na implantação de mecanismos republicanos de fomento e financiamento. Para federalizar as nossas ações e trabalhar com o conjunto dos entes federativos na construção do Sistema Nacional de Cultura. Para ajudar implantar o Programa Mais Cultura, que é realmente o que interessa, e não para perder o meu tempo em querelas de vaidades pessoais. Agradeço carinhosamente aos inúmeros funcionários da Funarte que se empenharam nessa nossa missão e espero que sobrevivam a essa legião de gasparzinhos que habitam o belo e vistoso Palácio Capanema.


No meu primeiro dia de trabalho na Funarte, durante o almoço com Pedro Braz e Sergio Sá Leitão, fui abordado pelo jornalista Ancelmo Gois também do jornal O Globo. A sua única pergunta foi se eu seria o paulista que teria vindo tomar a Funarte. Surpreso com a grosseria, demorei dois segundos para responder, o que foi suficiente para ele emendar: "Pois fique sabendo que, para mim, paulista bom é paulista morto". Virou as costas e foi embora. Felizmente o Rio de Janeiro não se traduz no preconceito essa figura. Que esses descansem em paz!


Toda a minha formação tem como ponto de referência o Teatro. Foi pelo teatro que entrei em contato com grandes mestres da humanidade. Foi pelo teatro que fui preso ainda menor de idade pela ditadura. Estudando grandes textos entendi a dialética da grandeza e da pequenez da alma humana. Foi o teatro que me levou às minhas experiências exitosas em Santo André e São Paulo. E finalmente, é o teatro que me clarividencia situações nebulosas como essa, não pelo discurso, mas pelo ato.


Eu resolvi agir sim! Peço, em caráter irrevogável, a minha exoneração do cargo de Presidente da Fundação Nacional de Artes. Coloco-me à disposição para tratarmos da transição


Respeitosamente

Celso Frateschi

Nós do Movimento Dulcynelândia perguntamos ao Sr. Celso Frateschi: é certo tratar com tanta ironia um assunto tão sério como a FUNARTE, sua estrutura e seus problemas?


Se ele está tão certo do trabalho que ele realizou como diretor e de sua pertinância porque não abriu diálogo, expondo os problemas, com a classe artística, ou com os próprios servidores, para discutir e pensar soluções?


Se um dos dois teatros a que ele se refere no Rio de Janeiro com licitação em andamento para reforma for o Dulcina, porque não abre diálogo com um movimento de artistas que já ocupa culturalmente a porta do teatro fechado desde 2001?


Deixamos claro que a afirmação dele de que "o diálogo, principalmente o cultural, é fundamental para as nossas encruzilhadas" não procede, já que todas as vezes em que procuramos abrir esse diálogo fomos despistados e colocados de lado.


Abaixo segue a nossa convocação para um levante dos artistas em prol da renovação dessa instituição nacional. A FUNARTE é um orgão público feito especialmente para se discutir, criar e administrar políticas públicas para a cultura. Para os artistas. E isso deve voltar a ser feito pelos artistas, como já foi feito um dia.


SOS FUNARTE!


Para a FUNARTE voltar a ser a casa de quem faz cultura no Brasil.


Artistas olhem o orgão.